(Índios-morcego)
Conforme recolhido entre os Apinagés por Curt Nimuendaju (1939)
e traduzido por Alberto da Costa e Silva
e traduzido por Alberto da Costa e Silva
No sertão de São Vicente, que se estende próximo ao Araguaia, existe a montanha Morcego. Nela há uma grande caverna com uma entrada em baixo, enquanto que bem no alto há um espécie de janela. Ali moravam antigamente os Kupe-dyep, seres de forma humana, mas com asas de morcego.
Um Apinagé flechara um veado perto da rocha do Morcego e acampara ali a noite porque já era tarde. Mas, enquanto ele dormia, os Kupe-dyeb vieram voando esmagando seu crânio com seus machados.
Como ele já estivesse há muito tempo ausente, seus parentes seguiram as suas pegadas e acharam seu cadáver. Em torno dele, viram também muitas pegadas, mas nenhum traço da chegada ou partida dos malfeitores.
Por causa disso durante muito tempo os Apinagés evitaram passar a noite naquela região, até que um dia dois caçadores e um menino decidiram acampar ao pé da rocha do Morcego. Depois do anoitecer, ouviram cantos vindos de dentro da montanha. Então o menino ficou assustado e se escondeu em uma moita longe do acampamento dos dois homens. Logo após, os morcegos vieram voando e mataram os dois caçadores, mas o menino escapou, e na aldeia contou o que ocorrera.
Um Apinagé flechara um veado perto da rocha do Morcego e acampara ali a noite porque já era tarde. Mas, enquanto ele dormia, os Kupe-dyeb vieram voando esmagando seu crânio com seus machados.
Como ele já estivesse há muito tempo ausente, seus parentes seguiram as suas pegadas e acharam seu cadáver. Em torno dele, viram também muitas pegadas, mas nenhum traço da chegada ou partida dos malfeitores.
Por causa disso durante muito tempo os Apinagés evitaram passar a noite naquela região, até que um dia dois caçadores e um menino decidiram acampar ao pé da rocha do Morcego. Depois do anoitecer, ouviram cantos vindos de dentro da montanha. Então o menino ficou assustado e se escondeu em uma moita longe do acampamento dos dois homens. Logo após, os morcegos vieram voando e mataram os dois caçadores, mas o menino escapou, e na aldeia contou o que ocorrera.
Então os guerreiros Apinagés de todas as quatro aldeias saíram juntos para destruir os Kupe-dyep. Quando eles chegaram à rocha do Morcego, imediatamente ocuparam a entrada da caverna, onde amontoaram lenha. Enquanto isso, outros procuravam fazer uma volta para alcançar a janela da caverna. Mas isto era mais difícil do que haviam suposto, e eles ainda não tinham alcançado o seu objetivo, quando aqueles que tomavam conta da entrada puseram fogo à pilha. Assim os kupe-dyep voaram em atropelo pela abertura superior, sem serem feridos pelas setas dos Apinagés. Eles voaram pra o Sul, e diz-se que ainda estão vivendo em algum lugar por lá.
Quando a fumaça diminuiu, os guerreiros Apinagés penetraram na caverna, achando um grande número de machados abandonados pelos kupe-dyeb em sua fuga. Bem no fundo da caverna, escondido por uma pedra, um menino de cerca de seis anos de idade. De início, eles queriam mata-lo, mas um índio decidiu criá-lo e levou-o consigo.
Quando os Apinagés em sua viagem fizeram seus leitos de folhas de palmeiras no chão, determinaram também o lugar onde deveria dormir o pequeno kupe-dyeb, mas ele não ficou deitado: chorava e olhava constantemente para o céu. Como não queria deitar-se de modo algum, seu dono teve subitamente uma idéia. Lembrou-se de que na morada dos Kupe-dyep não havia camas no chão nem tão pouco postes para dependurar redes, mas havia muitas vigas horizontais. Trouxe um varapau e o colocou horizontamente apoiado nas forquilhas de galhos de duas pequenas árvores vizinhas. Logo que o menino viu isso, trepou em uma das árvores de tal modo que se dependurou no vara pau pelos joelhos, a cabeça para baixo. Encolheu a cabeça, cobriu o rosto com os braços cruzados, e então dormiu calmamente nesta posição.
Este menino viveu pouco tempo entre os Apinagés, pois morreu logo. Um dia eles o observaram deitado no chão cantando. “U-ua Klunã Klocire! Klud pecetire!” Então, ele agarrou o cangote com as mãos. Quando os Apinagés perguntaram-lhe sobre isto, disse que seus companheiros de tribo dançavam daquele modo. Os Apinagés ainda cantam a canção do Kupe-dyeb.
FONTES:
Conto recolhido entre os Apinagés por Curt Nimuendaju e publicado em seu livro The Apinayé (versão inglesa de Robert H. Lowie, The Catholic University of America Press, Washington, 1939, págs. 179-180).
------------------------------------
SILVA, Alberto da Costa e (org). Antologia de Lendas do Índio Brasileiro. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura, 1957, p 215-217.
Conto recolhido entre os Apinagés por Curt Nimuendaju e publicado em seu livro The Apinayé (versão inglesa de Robert H. Lowie, The Catholic University of America Press, Washington, 1939, págs. 179-180).
------------------------------------
SILVA, Alberto da Costa e (org). Antologia de Lendas do Índio Brasileiro. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e Cultura, 1957, p 215-217.
Gosto muito dessas lendas, assim como gosto de pensar que elas tem um fundo de verdade.
ResponderExcluirPensando no imaginário humano e nas aparências, o que pode ter a ver de fato, elas tem sua origem em alguma circuntância ou ocorrência em determinado tempo.
Me pergunto se esta em particular se baseia numa espécie de morcego que existiu e migrou para outras terras, ou se extinguiu...
Se existem morcegos enormes em algumas regiões da África, podem ter existido/existir alguns "parentes" grandes aqui também...
Coloca mais sobre o assunto, adorei!!!