As línguas celtas ocuparam outrora descomunal extensão no território europeu. Antes mesmo que Júlio César guerreasse contra os gauleses no espaço hoje representado, grosso modo, pela França e Bélgica, povos celtas estiveram presentes nas penínsulas Itálica, Balcânica e Ibérica, na Europa Central etc.
Ao longo dos séculos, os celtas da Gália abandonaram sua língua materna em favor do latim e, gradativamente, foi ocorrendo grande recuo dessas línguas. Fenômeno similar ocorreu nas ilhas britânicas, onde os falantes de línguas celtas acabaram confinados aos extremos ocidentais pelos invasores anglos, saxões, normandos.
Hoje, em verdade, todas as línguas do grupo celta ostentam número decrescente de falantes, a despeito de movimentos de revitalização do uso literário e do ensino. Assim, das seis línguas celtas, cinco estão localizadas nas ilhas britânicas uma em território francês.
O bretão (brezhoneg), falado na Bretanha francesa, tem cerca de 500 mil falantes ativos e cerca de 1,2 milhão de pessoas deve ter conhecinento do idioma. Todavia, mais de 420 mil falantes ativos têm idade entre 25 e 64 anos, 170 mil, acima de 65, o que sinaliza perda grupo de 200 a 300 pessoas que aprenderam o idioma, em idade adulta, como língua estrangeira.
O gaélico da Escócia, falado em Ross e nas Ilhas Hébridas e Skye, em 1971, reúne cerca de 88 mil falantes. A maior parte dos 260 mil falantes do irlandês (erre) localiza-se na República da Irlanda; na Irlanda do Norte, província britânica, o idioma é falado em poucos e isolados locais.
O galês (cymraeg), do País de Gales, tem o maior número de falantes entre as línguas celtas das ilhas britânicas: 570 mil, sendo mais de 30 mil monolíngües, que conseguiram resistir frente ao inglês. Existe um movimento de revitalização e vale a pena lembrar o curioso fato de que muitos descendentes de emigrantes galeses vivem no sul da Argentina, cultivando a língua de seus antepassados.
Todavia, torna-se quase melancólico estabelecer um termo de comparação entre a situação das línguas celtas no início da era vulgar – quando estavam espalhadas ao longo de imensas extensões da Europa - e a de hoje, dois mil anos depois, porque estão todas confinadas ao extremo ocidental do Velho Continente, reduzidas a grupos muito pequenos tela falantes.
Fonte: Fragmento do texto Línguas Minoritárias (e Ameaçadas) da Europa Aleksandar Jovanovic, Revista USP, Nº 56, Dez 2002 /Jan/Fev de 2003, 125-135.
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