domingo, 5 de novembro de 2017

No fogo de Belenos






Somos seres de energia, e respondemos ao movimento do universo e aos impulsos energéticos todos ao nosso redor... Me inteiro com as pessoas muito mais do que possam imaginar! Empilho amizades onde quer que esteja, quem conheceu o meus companheiros em STL percebe que são laços que durarão por muito tempo, além de outros que conheci por lá que infelizmente nem todos tiveram oportunidade de conhecer.



Estes como outros laços me consomem energia... Manter um bom relacionamento consome energia, pois é necessário disposição, tempo e paciência para às vezes ouvir o outro. Andei bastante por aí então é comum receber mensagens como "mande notícias...", "por onde anda...", "você sumiu...", "como está?"... E por aí vai. Peço desculpas sempre que sentirem minha ausência, o mundo é feito de ligações e cada uma tem a mesma importância que a outra, além de me consumirem uma tanto quanto a outra... Conseguimos conservar nossa alegria assim: Não tendo tempo para notar a tristeza, seja lá quais forem os motivos. Fazer o máximo para estar com vocês, conversar com vocês e participar com vocês, é a melhor “perda de tempo” que existe.

Nas preparações para Beltane procurei me doar para o grupo, gosto de estar, gosto dos rituais e gosto do laço que temos. Aprendi muito desta última vez, aprendi o segredo da cura e entendi que a cura e o crescimento do outro dependem muito mais de si mesmo do que de mim... Pouco - e realmente pouco mesmo - posso fazer... Se acreditas que estás bem, não sou eu quem vou mostrar o contrário... Verás sozinho. Assim se respeita o ritmo da natureza. Afinal, nem todo mundo acha que sofrer é ruim... Nem sempre estás apto a compreender que sofres porque queres ou porque gostas ou apenas preferes. Se assim fosse, o mundo não andaria da forma como anda. Aprendemos desde bebês que é com choro que se consegue o leite, porque depois de velhos agiríamos diferente?

Estive sozinho na montanha durante toda a tarde do domingo. Até minha subida na pedra ainda não aceitava o porque de tanta dor. Porque tanta dificuldade para levar a vida? Porque tanta ansiedade e tanta ambição pelas conquistas? Porque tanta tristeza? Porque tanta solidão? Porque tanta avareza? Tantos impedimentos! Porque não aceitamos que se não deu, pelo menos fizemos o melhor? É o suficiente! Ás vezes é melhor assumir para si que não consegue ou não quer, do que fingir que se importa. Me canso às vezes, e pacientemente realmente espero que as pessoas um dia possam entender que nada disso é preciso para...

... Então escutei a montanha quando me respondeu: "Aonde vê isso? Não há aqui! Está dentro de você! Está dentro do outro... Não aqui fora! Aqui só há o que a tua visão lhe permite ver! A beleza, a paz e a alegria de viver. O demais, é ilusão..."; No eco do silêncio uma águia cortou a minha frente, e com um grito me levou para fora novamente. Me olhei sentado na montanha, cheio e cansado destas dúvidas que não estavam noutro lugar senão em meus pensamentos... Então, olhando de fora, percebi que aquele menino ali sentado não era eu... Me encontrei. Entendi quem sou, o céu abriu e sorriu, me fitou e chorou... Misturei minha emoção às lágrimas de chuva que caíam.


... Deitei na pedra a noite e notei estar ligado à tudo... Talvez por isso sinto saudades do céu, talvez por isso às vezes choro por não conseguir conversar com uma árvore, um animal, ou o vento, afinal sou grotesco demais para entendê-los... Mas mesmo assim, mesmo que pense não fazer parte disso ou daquilo, em silêncio compreendi que não há esta possibilidade, e muito menos esta opção. Estou realmente conectado ao que há nos arredores... Independentemente de percebê-lo.

O que há para ser feito neste mundo senão poder compartilhar os bons momentos? O que há para ser feito neste mundo senão contemplar e buscar pelo desconhecido? Cada vez que vôo, percebo que com um pouco mais de força e vontade posso ir mais alto... Me disseram mais uma vez que há o tempo necessário para isso... "Que desfrute e explore ao máximo o suco de cada gomo da laranja, só assim conhecê-la-á por inteira, entenderá o porquê do azedo, do doce e do seco.", e, Infelizmente pelos outros, o máximo que podemos fazer é gritar lá de cima como o céu fez por mim... Se der mãos para ajudar a subir bem provavelmente lhe puxarão para baixo. Paciência é a ordem... Afinal como aprendi à algum tempo, não valerá cruzar a linha se estivermos sozinhos. Como conta uma amiga em seu relato: "a compreensão vem com o tempo, não do relógio e sim de cada um."

Até onde chegaremos? Até o final? Não sei! Talvez nem exista mesmo este fim... Então penso apenas no necessário... Para conhecer a paz e a felicidade. Amo cada um de vocês de uma forma diferente de qualquer outra, de uma forma que talvez jamais compreendam por aqui, simplesmente por amar, sem esperar muito ou quase nada em troca... Pois não há outra cousa mesmo para se fazer de melhor por aqui. Bel, neste ano, me ensinou que o fogo não apenas transmuta, mas na simplicidade, Ilumina o necessário e nos concede um espacinho quente e aconchegante. Aonde? Dentro desta cabaninha velha e fria... Que chamas de “coração”, esquecida e largada neste mundão desconhecido, que conheces como “ilusão”.

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Lontrinha

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