"O mundo do Bruxo e do seu cliente"
Venho hoje aqui falar-vos da bruxaria portuguesa a partir de uma experiência de terreno que, ainda que intermitentemente, desenvolvo desde os finais de 1994 até hoje, principalmente no Norte de Portugal.
Não venho falar de curiosidades folclóricas, ou de práticas mágicas arcaicas que não seriam senão sobrevivências retrógradas de um passado obscuro, e que apenas subsistiriam em locais recuados, alimentadas pela ignorância e credulidade de uns quantos espíritos inocentes.
Venho antes falar-vos de um conjunto de ideias, de práticas e de acontecimentos característicos que configuram o mundo do bruxo e do seu cliente
Ora, um outro mundo muitas vezes cruzado pelas trajectórias dos clientes dos bruxos a braços com os seus problemas específicos é precisamente o mundo médico, em especial os hospitais e seus bancos de urgências. Muitos de entre vós, em particular aqueles que vierem a trabalhar em hospitais, ouvirão histórias, presenciarão inquietações e terão, por vezes, de intervir, enquanto técnicos da biomedicina mas também enquanto pessoas.
A maior parte daqueles de entre vós que têm já anos de experiência profissional saberão do que falo.
Como leigo que sou no que respeita à vossa formação e à vossa actual ou futura profissão, não tenho a pretensão de vos dizer o que deverão ou poderão fazer em tais casos. Pretendo aqui apenas partilhar convosco alguns conhecimentos que fui podendo reunir e articular acerca daquilo que com alguma imprecisão chamamos bruxaria, na convicção de que esses conhecimentos poderão ser-vos úteis em actuais ou futuras situações profissionais.
Tendo em conta que à ideia do bruxo se associam uma série de personagens reais e imaginários desde que neles se descortine uma vaga associação à magia, aos saberes curativos tradicionais ou ainda ao charlatanismo psicológico, a melhor maneira de nos introduzirmos no assunto é dizer aquilo que os bruxos portugueses contemporâneos não são.
a) Não os podemos confundir com os praticantes de medicinas tradicionais baseadas no uso de ervas medicinais nem com aquelas pessoas que tratam, ou melhor, «talham» males de pele por meio de uma reza acompanhada de um rito manual.
b) Também não são bruxos os ortopedistas populares conhecidos como «endireitas».
c) Não são videntes nem cartomantes embora todos assumam a primeira competência e alguns «deitem as cartas».
d) Os bruxos também não são astrólogos nem os astrólogos bruxos.
e) E, sobretudo, não se anunciam nos pequenos anúncios de jornal que, hoje em dia, um pouco por todo o lado, oferecem os serviços do Prof. X ou da Drª Y, médium vidente, capaz de traçar a sua carta astral, resolver os seus problemas de amor, negócios e família e ainda de reequilibrar com passes as suas energias conturbadas.
Por isso, mesmo antes de nos ocuparmos da identidade do bruxo, podemos perguntar-nos como é que se chega até ele. E a resposta é: de boca a orelha. Se o potencial cliente não consultou ainda um bruxo, há sempre um familiar, vizinho, amigo ou conhecido que consultou um ou que sabe da existência de um. Por vezes, é mesmo este último que, estando a par do problema, anuncia ao potencial cliente que se trata de uma questão do foro do bruxo.
Mas quem é o bruxo?
Fazendo fé nos relatos dos bruxos e dos clientes, não se torna bruxo quem quer. Ao contrário, a concepção que impera diz-nos que se torna bruxo quem a isso é obrigado; embora em pequeno número, os relatos biográficos que pude recolher denotam um percurso padrão relativamente estável que vou tentar descrever de forma animada.
Mas não sem antes fazer uma observação válida para o resto desta exposição: a ordem de acontecimentos e interpretações que constituem o mundo do bruxo e do seu cliente inscreve-se no âmbito de uma racionalidade diferente da racionalidade médico-científica assim como daquela pela qual nos regemos na nossa vida de todos os dias. O meu objectivo aqui não é reduzir esses acontecimentos e interpretações a uma racionalidade que lhes seja estranha, mas sim, através deles, tornar acessível à compreensão aquela que lhes é própria.
A vida do bruxo desenrola-se sob o signo de um destino inelutável. Por vezes, esse destino manifesta-se antes mesmo do nascimento. É quando a mãe, grávida, ouve o choro da criança que traz no ventre. À medida que vai crescendo, a criança denota uma grande inteligência mas também uma grande sensibilidade. Consegue sentir os sintomas das pessoas doentes que se aproximam dela. É muito mais permeável aos outros do que a maior parte das pessoas, ao passo que os outros se tornam invulgarmente transparentes. Mas, bem mais do que o prazer, é a dor alheia que a atinge em cheio e, por vezes, de forma insuportável. Além disso, não são apenas os vivos, mas também os mortos a invadir-lhe o seu espaço vital. Mortos há dezenas de anos ou ao outro dia do enterro, aparecem-lhe e falam-lhe, como se estivessem vivos.
À medida que a adolescência avança, e que a juventude se aproxima e chega, incapaz de se relacionar normalmente com os outros de quem gostaria de saber e sentir bem menos coisas, e cada vez mais ciente da singularidade das suas experiências, o futuro bruxo ou bruxa procura cada vez mais o isolamento e a solidão.
Ocorrem então verdadeiras crises de possessão: além de falarem com ele, os espíritos entram-lhe no corpo. Aparece ao fim do dia cansado e estonteado, a roupa esfarrapada e ensanguentada de andar no meio das silvas, sem conseguir lembrar-se do que fez ou do que lhe aconteceu. Ou então transfigura-se de forma desordenada e selvagem diante de familiares, conhecidos e circunstantes a quem parece que uma outra ou outras pessoas se manifestam naquele corpo. Por vezes fica absorto e fala sobre os espíritos do outro mundo ou então manifesta o conhecimento de coisas que, normalmente, não teria meios de saber.
Noutros casos, estas crises de possessão e de vidência sobrevêem inesperadamente, na sequência de um episódio crítico na vida da pessoa, sem uma história, indícios ou signos anteriores que as prenunciassem. Nas mulheres, tal pode acontecer por altura das primeiras regras, no pós-parto ou na menopausa.
Num caso como noutro, diz-se que o indivíduo tem o «corpo aberto» ou «morada aberta». Estas manifestações podem ser acompanhadas de doenças físicas cujas causas acabam, posteriormente, por ser reconhecidas como sendo de natureza espiritual.
Neste ponto o percurso complica-se com, pelo menos, três possibilidades. É que a família ou o próprio, face à situação de crise, pode apelar a três instâncias diferentes: um padre, um bruxo ou um Centro Espírita.
O primeiro lê-lhe a Bíblia em latim, exorciza-o, administra-lhe o sacramento da comunhão ou ouve-o numa longa confissão. Ou seja, lança mão do seu leque de possibilidades rituais e, nos limites do que lhe é lícito dentro da sua religião, e à excepção do exorcismo para o padre exorcista, transforma rituais religiosos em rituais mágicos. Mas, frequentemente, a intervenção do padre não é eficaz ou então os seus efeitos são meramente paliativos e a resolução do problema adiada.
O bruxo ou bruxa consultada, face à especificidade do caso, terá de escolher uma de duas vias.
Casos há — em particular quando as crises de possessão irrompem sem uma história anterior de relação ao mundo dos espíritos — em que se coloca a hipótese de «fechar o corpo», permitindo ao indivíduo reintegrar a sua vida normal. Foi-me contada uma história de um indivíduo, vítima de crises de possessão durante anos. A bruxa que o tratou explicou à sogra dele que, se ele quisesse, dali a dois anos podia estar a «fazer serviço» (i.e. a exercer a profissão de bruxo). À sogra, contudo, não lhe agradou a ideia de ter um bruxo na família e a mulher, então, «fechou-lhe o corpo». Veremos mais adiante os rituais utilizados para este fim.
Noutros casos, o bruxo conduz o indivíduo a um Centro Espírita onde, para empregar a expressão consagrada, «acabará de abrir o corpo». Ou seja, tratar-se-á, para o indivíduo, não de evitar, mas de aprender a controlar e mesmo a utilizar o fenómeno da possessão. Frequentemente o futuro bruxo já passou pelas mãos de vários padres e bruxos até ser conduzido ao Centro Espírita.
Depois de terminada a sua formação, há bruxos que mantêm uma ligação ao Centro, enquanto que outros se desligam e prosseguem autonomamente.
Casos há em que a transformação do indivíduo com corpo aberto em bruxo não passa pelos centros espíritas; todavia, neste ponto, a minha informação é ainda insuficiente.
Seja qual for o caso, quer se trate daquele que nasceu com o corpo aberto ou daquele que, na sequência de um episódio crítico ficou com o corpo aberto, tenha a sua formação passado ou não por um centro espírita, há um episódio fulcral no percurso do futuro bruxo que o confirmará como tal: é quando, pela primeira vez, é colectivamente reconhecido e confirmado enquanto bruxo, frequentemente na sequência de uma primeira intervenção mágica coroada de sucesso. A palavra espalha-se, a fama cresce e cada nova cura acresce ao seu reconhecimento público enquanto bruxo eficaz.
Encontramos bruxos dos dois sexos e de diferentes idades, embora a maior parte sejam mulheres. De um ponto de vista sociológico, podemos dizer que predominam os bruxos oriundos de classes populares.
Se foi um percurso atribulado que o conduziu ao seu actual estatuto, o exercício das suas funções, ou seja, das suas faculdades mediúnicas no contexto da assistência aos seus clientes não é, segundo ele, mas também segundo os seus clientes — reportando-se ao que ele lhes conta e mostra — destituído de riscos e de consequências, em particular no que respeita à sua saúde.
O bruxo considera-se a si mesmo e é considerado pelos seus clientes como tendo um dom, um dom de Deus. Um dom que, senão ambíguo, é bifacetado. Ele confere-lhe poder, prestígio e bem-estar financeiro. Ao mesmo tempo impõe-lhe desde cedo um destino a que ele não pode escapar, assim como uma profissão cujo prestígio tem o reverso da estigmatização social e cujo poder e benefícios financeiros não apagam a penosidade física e mental do seu exercício.
No seu discurso, manifesta a sua ligação ao Espiritismo e a sua identidade de católico. Se o Espiritismo é para ele uma referência fundamental, para os seus clientes é secundária. É evidente que se o bruxo se revê no Espiritismo e no Catolicismo, o Espiritismo e o Catolicismo ortodoxos e bem pensantes não se revêem nele.
Ao bruxo está indissociavelmente ligado um espírito auxiliar, regra geral de uma pessoa falecida, ou então um santo, a quem ele chama «guia».
Podemos dividir os bruxos em dois tipos.
O mais comum é aquele que durante a consulta é possuído pelo seu guia. Há sempre algo na atitude do bruxo que marca a passagem de um estado ao outro e que podemos considerar um pequeno «ritual de transição». Alguns, pura e simplesmente, fecham os olhos e deixam descair a cabeça ou deitam-se mesmo até que, numa voz modificada, surge a palavra do guia dirigindo-se ao cliente. Outros marcam a transição com um pequeno rito geralmente de inspiração católica: benzem-se, persignam-se ou recitam uma oração. Frequentemente, antes de o guia começar a falar e, no fim, antes de o bruxo recobrar a consciência, ele arrota. Se o fenómeno parece desconcertante e absurdo, não nos devemos esquecer que ele traduz o carácter pneumático do espírito que sai do corpo ocupado por um outro espírito.
Os bruxos que incorporam dão mostras de não terem consciência do que se passou quando o guia ocupou o seu lugar, pelo que incitam os clientes a estarem atentos durante a conversa com o guia.
O segundo tipo de bruxo, menos frequente, é o que não é possuído durante a consulta mas que pode, a qualquer momento, e de forma imperceptível para o cliente, entrar em contacto com o seu guia.
O guia orienta os actos e decisões do bruxo. A ligação de ambos é íntima, tocando mesmo a indistinção. Referindo-se ao mago em geral no seu «Esboço de uma teoria geral da magia», Mauss e Hubert caracterizam o «contacto íntimo entre o indivíduo e os seus aliados sobrenaturais» como «possessão virtual permanente» (p. 35) e consideram haver uma indistinção fundamental, na magia, entre a alma do mago e o seu corpo, assim como entre a alma daquele e os seus espíritos auxiliares, indistinção que se acompanha de uma incerteza dos clientes relativamente à questão (p. 26).
Pude constatar no terreno específico da actual bruxaria portuguesa esta indistinção e esta incerteza. Elas são constitutivas. Não é, por isso, necessário ou mesmo pertinente procurar os limites reais ou imaginários que separariam estas duas entidades — o bruxo e o seu guia — que, na realidade, tiram a sua essência dessa associação íntima. Quando o bruxo diz ao seu cliente que enviará o seu guia para o proteger ou ajudar numa dada situação, é o próprio bruxo que, por delegação, o ajuda. Quando este fala da mobilidade do «seu espírito» que se desloca para averiguar o que está fazer fulano que se encontra num outro lugar, ficamos sem saber se é um ou outro. E do mesmo modo que o guia, durante a consulta, vai «buscar» um outro espírito para que ele fale com o cliente, o bruxo, investigando uma casa assombrada não só sente como vê e constata o estado de um espírito obstinado que não quer abandonar o local. A comunicação entre o bruxo e o guia, que não só o orienta, mas que também o instrui e doutrina é virtualmente ilimitada, a distinção acabando por tornar-se acessória e secundária.
Os problemas e motivações que levam os clientes ao bruxo são múltiplos.
Os problemas típicos são agrupáveis em duas categorias segundo os seus diagnósticos:
Por um lado temos os encostos, o corpo aberto, problemas de susceptibilidade aos espíritos ligados ao chamado espírito fraco e ainda as casas assombradas. Ou seja, problemas associados aos espíritos.
Por outro lado temos os bruxedos ou bruxarias e o mal de inveja. Ou seja, problemas associados aos vivos.
Vou começar por uma descrição genérica mas detalhada dos casos de encosto que nos servirão de paradigma uma vez que muitos elementos relativos aos sintomas, ao percurso e atitudes do cliente, à actuação do bruxo em consulta e aos rituais, são comuns aos casos determinados pelos outros problemas típicos.
O encosto é a possessão pelo espírito de um morto ou morta. Na maior parte dos casos a possessão é parcial e intermitente, podendo, em alguns, ocorrer momentos de crise em que a possessão é total.
Os sintomas ou sinais dos encostos podem ser variados; normalmente aparecem vários associados.
Eis os mais correntes:
— perda de apetite e emagrecimento; — tristeza, melancolia e depressão; — insónias; — cansaço físico inexplicável; — doença ou sintomas de doenças que posteriormente se revelam como sendo as doenças de que sofria o falecido ou falecida encostado, em particular aquela que causou a sua morte; — perda dos sentidos durante horas ou dias; — acidentes de carro e acidentes domésticos em particular se repetidos num curto espaço de tempo; — variações inexplicáveis de humor;
estos e frases ocasionais que não são característicos da pessoa que os exprime, mas do morto; crises de possessão completa; e enfim, toda a espécie de comportamentos atípicos e injustificados relativamente à história, às características e à situação da vítima; — ser empurrado, esbofeteado e diferentes tipos de manipulação física sem que seja visível um agente; — vidros, pratos, etc., que caem ou que se partem sozinhos e, em geral, objectos que se deslocam e que produzem ruído sem causa «física» aparente; — som de passos; sensação da presença de alguém; — a voz do morto que fala à vítima ou então o morto que aparece, acessível a todos os sentidos, como se estivesse vivo e presente.
Os sintomas do corpo aberto ou morada aberta como também se lhe chama já foram abordados na descrição do percurso típico do bruxo. Englobam os sintomas do encosto, mas com algumas diferenças significativas: os sintomas são mais intensos e os períodos de possessão completa, assim como a visão e a audição dos mortos, são mais frequentes. Mas, sobretudo, enquanto o encosto tende a ser singular, ou seja, é só um espírito que se manifesta — ou, pelo menos, é assim que no diagnóstico do bruxo a situação se configura — na e à pessoa com o corpo aberto são vários espíritos que se manifestam. Os limites entre as duas categorias parecem ser relativamente fluidos ao mesmo tempo que parece também haver o risco de que o encosto intenso ou prolongado se transforme em morada aberta. Um outro traço distintivo do corpo aberto que parece estar ausente nos casos de encosto são os episódios de vidência.
Em muitos casos daquilo que posteriormente será diagnosticado pelo bruxo ou bruxa como sendo um encosto, a vítima ou os familiares avançam primeiro outras interpretações e tentam outras soluções. Nos casos em que os sintomas ou parte deles indiciam um problema médico recorrem a um ou vários médicos. O insucesso da intervenção médica pode ter diferentes formas. Por vezes os sintomas indicam uma doença específica mas os exames e análises não denunciam nenhuma anormalidade; noutros casos a doença é identificada e tratada mas não há remissão dos sintomas;
noutros ainda o médico declara que a pessoa não tem nada, deixando-lhe, por vezes a impressão dolorosa de estar a ser tratada como doente imaginária ou fingida.
Em caso de crise de possessão agitada e violenta é frequente os familiares levarem a vítima à urgência de um hospital onde lhe é administrada uma injecção de tranquilizante e enviada de novo para casa. Esta solução funciona sempre como um paliativo que resolve apenas pontualmente a emergência, deixando o problema intacto.
É evidente que a intervenção médica não é procurada em todos os casos. Posso evocar a título de exemplo um caso que me foi contado pela sua protagonista, uma doméstica e agricultora que trabalha numa antiga casa senhorial do Minho hoje propriedade de uma empresa. O principal sintoma, ou, melhor dizendo, sinal, de perturbação foram os barulhos dos utensílios na cozinha alegadamente mexendo-se sozinhos. Estavam em casa ela e a sobrinha que vive com ela. Uma semana depois, à mesma hora, o mesmo fenómeno voltou a produzir-se. Ainda antes de o cunhado da entrevistada ter ido consultar uma senhora, levando para o efeito uma fotografia dela, ambas estavam cientes de que se trataria de uma questão de espíritos.
Por vezes, como foi dito para os futuros bruxos, recorre-se aos préstimos de um padre. Mas normalmente a actuação deste é pouco eficaz. Há uma remissão parcial e/ou temporária dos sintomas. Ouvi mais de uma vez histórias em que a intervenção do padre suscita manifestações violentas, obscenas e anti-religiosas por parte da pessoa possuída. Embora as reacções obscenas se possam produzir junto a outras personagens, as reacções anti-religiosas costumam verificar-se apenas diante do padre que desempenha a função oficial ou oficiosa de exorcista.
Mas é difícil dar conta, de uma forma genérica da multiplicidade dos casos cujas especificidades e detalhes são muito significativos.
Na maior parte dos casos de encosto, de corpo aberto, mas também de casas assombradas, de bruxaria e de mal de inveja, é depois de uma série de peripécias, hipóteses e hesitações que os envolvidos optam por «ir à bruxa». O quadro que determina esta escolha, ou a sua sugestão por parte de um familiar, amigo ou conhecido, está sempre sobredeterminado pela noção e sentimento de se estar mergulhado ou em presença de um infortúnio absurdo. Esta noção e este sentimento podem ser suscitados pelo carácter inexplicável e/ou sobrenatural dos sintomas ou dos acontecimentos, pelo insucesso da intervenção médica, pelo insólito de um azar persistente, que se traduz numa série de acidentes e infortúnios que se sucedem num curto período de tempo.
Em todos os casos ligados aos chamados problemas típicos, aquilo que motiva a ida ao bruxo não é apenas o confronto com um problema grave mas também e sobretudo a falta de sentido que gera o intolerável sentimento de absurdo. O bruxo é, por isso, e antes de mais, um provedor de sentido.
Mas continuemos a acompanhar o percurso da vítima do encosto. Pode ser esta quem vai consultar o bruxo, normalmente acompanhada de um amigo ou familiar. Outras vezes é apenas o familiar que vai — às vezes sem o conhecimento da vítima — e leva uma peça de roupa, ou uma fotografia daquela.
Por vezes, os bruxos que utilizam a possessão durante a consulta poucas palavras trocam com os clientes para além de um cumprimento, e passam logo a incarnar o seu guia. Outros, não podendo controlar o momento exacto em que transe se produz, vão conversando com o cliente, às vezes sobre assuntos sem ligação com o objecto da consulta, até que aquele sobrevenha, o que pode acontecer de forma algo inesperada para o cliente.
De um modo ou de outro, e caso seja o guia a comparecer, este logo pergunta: «O que é que me queres?». Na maior parte das vezes, face ao guia, o cliente deve limitar-se a responder às questões daquele e a ouvi-lo atentamente. Solicitado pelo guia, expõe-lhe o problema. A mão do bruxo toca a fotografia ou peça de roupa da vítima se esta estiver ausente. Se estiver presente, alguns tocam-lhe na mão ou no braço, mas outros não.
O guia diagnostica o problema. «É um encosto que tu trazes», por exemplo. Descreve o morto e, se for caso disso, a natureza da relação entre o morto e a vítima a quem se pode dirigir pessoalmente mesmo que esta não esteja presente, e explica o motivo ou a razão do regresso do espírito. Normalmente não declina o nome deste.
Noutros casos é o espírito encostado que comparece, imediatamente ou «chamado pelo guia», e que declara, por exemplo, «eu sou o pai do teu pai», ou então pergunta: «tu não me conheces?». O cliente foi previamente instruído pelo bruxo para perguntar ao espírito o que ele quer ou então é um auxiliar do bruxo, presente durante a interacção, ou um outro cliente mais familiarizado com o domínio, no caso de consulta colectiva, que o incita a fazê-lo.
Num caso como noutro é ao cliente que cabe, em última instância, reconhecer o espírito.
Os motivos pelos quais este regressa podem ser, na sua grande maioria, agrupados numas poucas categorias:
a) O morto não cumpriu uma promessa religiosa a um santo; b) O morto experimenta dificuldades no outro mundo; c) Está nostálgico dos seus e da vida na Terra; d) É um espírito mau que vem agredir os vivos e que, por vezes, pretende levar alguém consigo.
Podem surgir outros motivos embora sejam raros. Foi-me contada a história de um defunto que terá voltado por discordar da forma como as partilhas testamentárias foram feitas. Para o fazer ir-se embora foi necessário refazer as partilhas. Noutro caso, o defunto — uma mulher que morreu idosa — insistia em pedir perdão a um genro. Pelo que me disseram, tal se devia ao facto de a falecida não ter recebido a Extrema-unção. A bruxa consultada recomendou que a nora em quem ela se encostara fosse confessar-se e comungar, o que serviu de substituto à Extrema-unção.
Quando se trata do primeiro motivo — uma promessa religiosa não cumprida — o essencial do ritual consiste no cumprimento da promessa. Pode tratar-se de pôr um determinado número de velas a arder na capela de um santo, ou então um ex-voto
O morto que não encontra o repouso no além queixa-se das trevas e pede luz — «para poder ir para um sítio melhor» como se costuma dizer. Pede então que lhe ponham um determinado número de velas ou azeite a arder numa capela ou igreja e que oiçam um outro número de missas em sua intenção.
O espírito nostálgico costuma ceder às razões do cliente e aceita afastar-se. Por vezes também se põem velas e se ouvem missas em sua intenção.
Quanto ao espírito mau, ele chega a resistir ao apelo do guia para comparecer no corpo do bruxo. Neste caso como no caso do espírito nostálgico, o bruxo pode ter de deslocar-se a casa da vítima, para poder incarná-lo. Ele vocifera, ameaça, não se deixa convencer e acaba por recusar-se a qualquer compromisso e mesmo a qualquer comunicação.
Nesse momento impõe-se um ritual que, normalmente, também se realiza nos outros três casos como complemento indispensável às suas soluções específicas. É mais exacto dizer que não se trata de um mas de pelo menos dois rituais, com variantes.
Todavia começam todos com o mesmo rito: o defumadouro. Trata-se de queimar ervas secas e de incensar com o fumo a casa da vítima, a vítima ou ambos. As espécies de ervas que entram na composição do defumadouro variam. Normalmente são plantas aromáticas. O defumadouro pode ser fornecido pelo bruxo ou então comprado num ervanário ou droguista. Por vezes utilizam-se pequenos triângulos de ervas compactadas que vêm em caixinhas importadas do Brasil.
O defumadouro pode ser realizado pelo bruxo, quando ele se desloca à casa da vítima, mas normalmente é o cliente ou uma outra pessoa que não a vítima que o realiza acompanhado de uma pequena oração. Normalmente é necessário defumar a casa e/ou a vítima um certo número de vezes — geralmente ímpar — em dias seguidos e à mesma hora.
Uma ideia precisa subjaz a esta prática: o espírito intruso fica preso nas cinzas.
O ritual mais simples, em duas partes, compõe-se do rito do defumadouro e de um rito de expulsão sumária, ambos realizados pelo cliente. O rito de expulsão consiste em deitar as cinzas em água corrente. Por uma questão prática há mesmo quem deite as cinzas à retrete e puxe a o autoclismo. Mas a prática canónica consiste em deitar as cinzas num rio ou num riacho, afastar-se sem olhar para trás (um rito mágico negativo clássico) e não voltar ao local durante um número determinado de dias — três, por exemplo.
Este ritual, sem outro acrescento, costuma ser utilizado para os espíritos impenitentes ou maus e para os desconhecidos.
O outro ritual é mais complexo e compõe-se de três partes. Depois da realização do ou dos defumadouros, a bruxa dirige-se com o cliente a uma capela. O cliente pode ou não ser a vítima; esta pode ou não estar presente na capela. O rito, a que já ouvi chamar de «amarração em terra» por contraposição a «amarração no mar», consiste na oferenda de velas, em voltas a pé ou de joelhos à capela pelo cliente, eventualmente acompanhado ou guiado pela bruxa, e em orações.
Pode ainda complicar-se com outros detalhes rituais.
É só depois deste rito que as pessoas se dirigem para uma praia onde a bruxa realiza a «amarração no mar», ou seja deita ao mar as cinzas do defumadouro e, geralmente, profere uma oração murmurada como sempre fazem os bruxos. Noutros casos a bruxa trata das cinzas do defumadouro sozinha, mas não tenho informações suficientes a respeito.
Em todo o caso esta parte do ritual é formalmente assimilável ao rito de expulsão sumária no ritual mais simples. Mas com uma diferença significativa. Enquanto que no ritual simples composto apenas do rito do defumadouro e do rito de expulsão das cinzas, este último pode assumir um sentido negativo relativamente ao destino do espírito encostado, no ritual complexo, o rito na capela — a «amarração em terra» — que se interpõe entre os dois outros ritos, vai modificar o sentido do rito de expulsão das cinzas que lhe sucede, indicando normalmente um destino mais benéfico para a alma transviada.
O sentido dos ritos, dos rituais e das suas combinações possíveis não é todavia constante. Além disso, não é assunto de discussão explícita: os clientes remetem-se frequentemente à sua ignorância e os bruxos não dizem mais que meias palavras.
Ao contrário do que seria de esperar, o ritual complexo, tripartido, é frequentemente utilizado nos casos de espíritos maus. E, no entanto, o destino do espírito é negativo: «vai para o mar colhar», como já me foi dito. O rito da capela parece ser, neste caso, um apelo à esfera divina para a libertação da vítima e uma solicitação do auxílio celeste contra um espírito difícil e não um apelo à benevolência para com este.
Por outro lado, o ritual simples, composto apenas de defumadouro e expulsão das cinzas, pode ser usado para os casos do espírito que não pagou uma promessa, para o nostálgico ou para aquele que está em dificuldades no além e vem pedir auxílio, ou seja, para espíritos que, aos olhos dos intervenientes, não estão animados de más intenções. Todavia, e é necessário sublinhá-lo, há sempre o pagamento da promessa, as velas que se põem a arder ou as missas que se escutam, que não só satisfazem as necessidades do morto como também servem de consagração religiosa, anterior ao rito de expulsão nas águas e, mais uma vez, anulando um possível sentido negativo quanto ao destino do espírito.
A expressão «espírito fraco» designa uma grande susceptibilidade àquilo que poderíamos chamar de influências espirituais. Esta susceptibilidade, contudo, está intimamente associada, na perspectiva das pessoas do meio, a certas disposições psicológicas que denunciam uma fragilidade íntima como o carácter impressionável, o medo fácil, a instabilidade emocional e o nervosismo.
Frequentemente, nas histórias de encostos, o espírito não se encosta à pessoa a quem quer mas àquela a quem pode: a que tem um espírito fraco. Embora também haja casos de homens maduros vítimas de encostos, trata-se a maior parte das vezes de mulheres, crianças e adolescentes, o que — tem de ser dito — é coerente com as noções, sentimentos, atitudes e vivências patriarcalistas e marialvas profundamente inscritos na cultura portuguesa[2]. Todavia, ao contrário do que afirmou Moisés Espírito Santo, um estudioso português que se debruçou sobre o assunto, não é de todo verdade que todos os espíritos responsáveis pelas possessões sejam masculinos e que todos os possuídos sejam mulheres e crianças.
Mas, voltando ao nosso tema, a pessoa com o espírito fraco pode em certas alturas ou permanentemente manifestar certos sintomas que, se não indiciam um encosto, se ligam a uma susceptibilidade às influências «espirituais» momentaneamente acrescida. É o caso da pessoa que desperta muito cansada, que sente presenças e é tomada de medos, que se sente mal nos cemitérios e nos enterros. Podem ser tratadas com os rituais genéricos utilizados para os encostos e com amuletos.
Mas o espírito fraco, verdadeiro doente potencial do bruxo não é apenas particularmente sensível às influências dos mortos, mas também aos bruxedos dos vivos.
Já não nos resta muito tempo. A análise da possessão abriu-nos já uma perspectiva sobre a personagem do bruxo, os clientes, as consultas, os rituais.
Os problemas de assombramento de casas, tratando-se de espíritos de mortos, são de algum modo assimiláveis aos fenómenos de possessão. É clássica a história da pessoa que quer vender uma casa e que, apesar de sucessivas oportunidades, não chega a consegui-lo. Um bruxo é consultado. Trata-se do antigo proprietário. Após a defumação da casa, ele é amarrado nas capelas e deitado ao mar. Dias depois, o negócio conclui-se.
Antes de acabarmos, tratando brevemente os problemas de bruxedos, uma palavra sobre as consultas de vidência e de influência. Estas constituem uma parte significativa da actividade do bruxo e das solicitações dos clientes, em particular daqueles com alguma familiaridade com o meio.
Os motivos dos que solicitam do bruxo as suas faculdades de vidência são múltiplos. Os pais que suspeitam da idoneidade do futuro genro e a mãe que vai consultar o bruxo para esclarecer as dúvidas. O comerciante que deseja saber se o momento é oportuno para a realização de um negócio importante; a futura mãe, acompanhada da futura avó que desejam informar-se sobre o estado de saúde do feto; a mulher que deseja saber se o marido tem um caso com outra, etc., etc.
O peso dos casos em que o cliente pede ao bruxo que influencie uma terceira pessoa, no conjunto das consultas e solicitações aos bruxos, é difícil de ponderar porque se fala pouco disso. Trata-se de magia activa, e até mesmo ofensiva. E a designação de «bruxedo» apenas depende da avaliação moral. Para certos bruxos, seria impensável, a maioria ostenta a recusa de «trabalhar para o mal», como se diz, mas outros há que são mais ambíguos. As finalidades são previsíveis: conseguir ligações amorosas e sexuais assim como prevenir ou impedir uma separação ou uma infidelidade, dificultar os negócios de um industrial rival, livrar fulano da tropa, etc., etc....
A bruxaria é «uma coisa que tem muitos caminhos», como me disse uma bruxa que entrevistei. De facto, é grande a variedade de procedimentos. É difícil conhecer praticantes de bruxaria ofensiva ou «magia negra», como se lhe chama. Estes não precisam de ter qualidades especiais como o bruxo, mas apenas de conhecer o ritual ou rituais que emprega. A maior parte das histórias que ouvi chegou-me através dos clientes que viram o seu problema (ou o do familiar ou amigo) diagnosticado como tratando-se dos efeitos de uma bruxaria. Geralmente não é um bruxo que é responsabilizado pela bruxaria mas alguém que se sabia ser ou que se revela ser interessado em causar prejuízo ou em influenciar a vítima.
De entre os casos típicos podemos evocar o do jovem que se torna negligente e perde o amor-próprio. A sua mãe vai à bruxa e o espírito de uma rapariga responsável pelo bruxedo vem falar pela boca desta. Não declina todavia o nome. Da boca da bruxa nunca sai o nome do responsável de uma bruxaria ou do espírito encostado. Todavia é frequente os clientes reconhecerem os gestos, o tom da voz, as idiossincrasias, etc, etc, e é por aí ou pela descrição da relação entre o espírito e a vítima ou entre o responsável da bruxaria e a vítima que a identidade do primeiro é estabelecida. Noutros casos, porém, a identidade do autor da bruxaria não chega a ser determinada.
Outro caso clássico, envolve de novo a venda de uma casa ou propriedade que teima em não se realizar. Trata-se de alguém, com interesse em que o negócio não se faça, que fez ou mandou fazer um «trabalho» ou «serviço». Muitas vezes com «terra do cemitério». Num caso que me foi contado, o bruxo, depois de diagnosticar um bruxedo, solicitou ao cliente — a esposa do proprietário a quem este pediu que fosse ao bruxo no seu lugar — solicitou-lhe, dizia, que lhe trouxesse terra da propriedade para ele fazer um trabalho. A terra encantada foi reposta na propriedade que, dias depois, foi vendida.
A terra de cemitério parece ser aliás um material comum nas alegadas bruxarias. É colocada num sítio onde o visado deverá passar. Depois de a pisar começa a padecer da doença que vitimou o morto de cuja campa a terra foi retirada. Verifica-se também o caso do cliente que consumido por um padecimento que os médicos não conseguiram diagnosticar ou tratar vai ao bruxo que descobre então que ele calcou terra do cemitério que se destinava a outra pessoa.
Como se vê, nestes casos o bruxedo consiste numa possessão magicamente induzida, independentemente de o rito poder falhar o alvo.
Noutros casos o bruxedo é feito com substâncias magicamente preparadas que, dissimuladamente, são dadas a ingerir à vítima. O remédio é um purgante mágico, cuja composição só a bruxa conhece — um dedal de pó — e que provoca profusos vómitos e diarreias através dos quais se liberta o mal.
Se em muitos casos, senão em todos, a bruxaria envolve a intervenção de espíritos, o mesmo se poderá dizer para o mal de inveja. Não é um bruxedo, porque o invejoso produz o efeito mágico sem se dar conta disso. É o teste que corre mal ao aluno bem preparado, o casaco novo perdido, as dores de cabeça e mesmo acidentes... Uma bruxa entrevistada chamou-lhe «fogo vivo»; «fogo» é o espírito; «vivo», porque se trata do espírito do vivo, do invejoso, que se aproxima da vítima e lhe causa o mal sem no entanto estar ciente do que está a fazer.
De facto, de parte em parte, a questão é a da mobilidade dos espíritos. O espírito do morto que se encosta ao vivo; o espírito do feiticeiro e do invejoso que causam perturbações e estragos à distância; o espírito do guia que intervém a quilómetros do bruxo para proteger o cliente; o espírito do responsável pelo bruxedo que é chamado, sem disso se dar conta, a depor pela boca do bruxo; o espírito deste ou o seu guia, quem sabe, que investigam o que se passa num outro lugar no momento mesmo em que o cliente contempla a expressão animada do bruxo...
Quanto ao indivíduo, ele é, ao mesmo tempo e sem contradição, uno e plural. Ele é a sua pessoa consciente. Mas estão-lhe indissociavelmente ligados o seu corpo, o seu espírito e o espírito do guia, o qual, diz a opinião corrente é um atributo de todas as pessoas. No encosto ou, por vezes, na vítima de um bruxedo, um outro espírito vem acrescentar-se. E no corpo aberto são vários a aparecer, a encostar-se, a entrar e a sair.
Não podemos contudo julgar esta série de vivências, ideias, sentimentos e representações como uma espécie de corpo estranho na cultura Portuguesa. Apesar de se tratar de um traço usualmente discreto, a possessão e o xamanismo — isto é o espírito que viaja — estão profundamente inscritos na nossa cultura, e os testemunhos disso encontrámo-los onde menos esperamos.
Por exemplo, nos gracejos.
«Alguém está a falar de ti», dizemos ao ver encarnadas as orelhas de um amigo. Ou então: «alguém quer falar contigo», dizem-nos se deixamos cair uma travessa. São coisas tão banais e, aparentemente, tão destituídas de importância que poucas pessoas se lembrarão de perguntar:
«mas afinal de contas, porque é que dizemos isso»?
Bibliografia
ESPÍRITO SANTO, Moisés, 1990: A religião popular portuguesa, Lisboa, Assírio & Alvim.
MAUSS, Marcel e HUBERT, H., (1902-1903): «Esquisse d’une théorie générale de la magie» in MAUSS, Marcel, 1995 (1950): Sociologie et Anthropologie, Paris, P.U.F..
MONTENEGRO, Miguel, 1995: Le corps ouvert, Paris, Publications de l’Université Paris VII - Denis Diderot.
MONTENEGRO, Miguel, 1996: Le corps ouvert II, mémoire de DESS inédito, Paris, UF anthropologie - ethnologie et sciences des religions, Université Paris VII - Denis Diderot.
VALE DE ALMEIDA, Miguel, 1997: «Marialvismo. Fados, touros e saudade como discursos da masculinidade, da hierarquia social e da identidade nacional» in Trabalhos de antropologia e etnologia, vol. 37 (1-2), Porto, Sociedade Portuguesa de Antropologia e etnologia.
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[1] Conferência proferida em 28/04/1998 na Escola Superior de Enfermagem de Vila Real, Portugal.
[2] cf. artigo de Miguel Vale de Almeida referenciado na bibliografia.
Texto colhido do seguinte site: http://www.miguel-montenegro.com/mundbrx.htm
Muito interessante o estudo. Há muitos rituais, crenças e práticas semelhantes à Bruxaria brasileira.
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