segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Índios, Silêncio!


Traduzido de "Neither Wolf nor Dog. On Forgotten Roads with an Indian Elder" - Kent Nerburn por Leela

Nós os índios, conhecemos o silêncio.
Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.

Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio 
e eles nos transmitiram esse conhecimento.
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.
Observa os anciões para ver como se comportam.
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.
Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos e pretos, é o contrário. 
Vocês aprendem falando.

Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos,
e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.
Precisam  preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.

Se começas a falar, eu não vou te interromper. Te escutarei.
Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.

Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríam pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.

Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando,
e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.



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3 comentários:

  1. Voltamos a sabedoria dos povos antigos e a contemplação! Muito bom.

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  2. Muito bom.Gosto de observar animais..os homens não me encantam mais.Gosto de observar as mulheres educando filhos com amor e o zelo excessivo os tornam donos das mães , no entanto quem deveria educa-los se omitem porque estão sempre cansados.Amo os indios porque eles educavam seus filhos e nos orientam pelo menos, os antigos a como viver bem e melhor...

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  3. Realmente uma pequena demonstração da sabedoria de um povo da floresta, que sempre ensinará a nós coisas valiosas. É só escutá-las e contemplá-las :)

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