terça-feira, 28 de agosto de 2012

Simetria

O Tigre

Autoria: William Blake,


 Escritor, pintor e gravador, foi um dos primeiros poetas românticos ingleses. Nasceu em Londres em 1757 e faleceu em 1827. "Cantos de Inocência", "Cantos de Experiência" e "O Matrimônio do Céu e do Inferno" (no qual se encontra o famoso "Os Provérbios do Inferno"), são alguns de seus livros mais conhecidos. Dentre seus versos, um dos mais conhecidos, considerado uma verdadeira obra prima, é "O Tigre", abaixo em quatro traduções diferentes para o português.


Versão: José Paulo Paes
Tigre Tigre, viva chama
Que as florestas da noite inflama
Que olho ou mão imortal podia
Traçar-te a horrível simetria?
                                                          
Em que abismo ou céu longe ardeu
O fogo dos olhos teus?
Com que asas ousou ele o vôo?
Que mão ousou pegar o fogo?

Que arte & braço pôde então
Torcer-te as fibras do coração?
Quando ele já estava batendo
Que mão e que pés horrendos?

Que cadeia? Que martelo
Que fornalha teve o teu cérebro?
Que bigorna? Que tenaz?
Pegou-lhe os horrores mortais?

Quando os astros alavancaram
O céu e em pranto o banharam,
Sorriu ele ao ver seu feito?
Fez-te quem fez o cordeiro?

Tigre, Tigre, viva chama
Que as florestas da noite inflama,
Que olho ou mão imortal ousaria
Traçar-te a horrível simetria?


Versão: Augusto de Campos:
Tigre! Tigre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?

Em que céu se foi forjar
o fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chamma?
Que mão colheu esta flamma?

Que força fez retorcer
em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração
de aço, que cor, que ação?

Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
o moldou? Que mão, que garra
seu terror mortal amarra?

Quando as lanças das estrelas
cortaram os céus, ao vê-las,
quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?

Tigre! Tigre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?

 
Versão de Vasco Graça Moura (Portugal): 
tigre, tigre, chama pura
nas brenhas da noite escura,
que olho ou mão imortal cria
tua terrível simetria?

de que abismo ou céu distante
vem tal fogo coruscante?
que asas ousa nesse jogo?
e que mão se atreve ao fogo?

que ombro & arte te armarão
fibra a fibra o coração?
e ao bater ele no que és,
que mão terrível? que pés?

e que martelo? que torno?
e o teu cérebro em que forno?
que bigorna? que tenaz
pro terror mortal que traz?

quando os astros lançam dardos
e seu choro os céus põem pardos,
vendo a obra ele sorri?
fez o anho e fez-te a ti?

tigre, tigre, chama pura
nas brenhas da noite escura,
que olho ou mão imortal cria
tua terrível simetria?


Versão de Alberto Marsicano e John Milton:
Tigre! Tigre! Luz brilhante
nas florestas da noite,
Que olho ou mão imortal ousaria
Criar tua terrível simetria?

Em que céus ou abismos
Flamejou o fogo de teus olhos?
Sobre que asas ousou se alçar?
Que mão ousou esse fogo tomar?

E que ombro & que saber
Foram as fibras do teu coração torcer?
E o primeiro pulso de teu coração
Que pé ou terrível mão?

Que martelo, que corrente?
Que forno forjou tua mente?
Que bigorna? Que punho magistral
Captou teu terror mortal?

Quando os astros arrojam seus raios,
cobrindo de lágrimas os céus,
Sorriu ao sua obra contemplar?
Quem te criou o cordeiro foi criar?

Tigre! Tigre! Luz brilhante
Nas florestas da noite,
Que olho ou mão imortal ousaria
Criar tua rerrível simetria?


THE TYGER
Willian Blake
Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand, dare seize the fire?

And what shoulder & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand & what dread feet?

What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what the grasp
Dare its deadly terrors clasp?

When the stars threw down their spears,
And water'd heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?


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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A caça as Feiticeiras

FEITIÇARIA E SUPERSTIÇÕES

Em 1609, mais de 300 pessoas foram torturadas e executadas no “templo do terror”, em Bamberg, Alemanha

A CAÇA AS FEITICEIRAS

Era o tempo da grande caça às feiticeiras. Na Europa, dominava a crença de que era obrigação dos cristãos resgatar hereges e pagãos do hediondo destino que os esperava depois da morte.
Muito antes, Santo Agostinho expressava sua convicção de que “não apenas cada pagão, mas cada judeu, herege e cismático, irá para o fogo eterno, a não ser que, antes do fim de sua vida, se reconcilie e se encaminhe para a Igreja Católica”.
A conseqüência dessa atitude foi a imposição de verdadeiro inferno na terra, para milhares de criaturas humanas, com o objetivo de salvá-las do terror do inferno na vida futura.

Os horrores da perseguição provavelmente foram piores na Alemanha do que em qualquer outra parte da Europa. Os julgamentos de feiticeiras começaram ali em meados do século 15, mas o ápice foi depois de 1570, na época da Contra-Reforma, quando a Igreja Católica Romana começou a impor o recuo ao crescimento do protestantismo e a toda forma de heresia, incluindo a feitiçaria, que se tornou, então, alvo de ataques brutais.
Entre 1609 e 1622, mais de 300 pessoas foram executadas sob a acusação de feitiçaria, somente no estado de Bamberg. O acusado era torturado sem preocupação de sexo ou idade.
Em 1614 uma mulher de 74 anos atravessou, antes de morrer, os tormentos da tortura até o “terceiro grau”.

O fanático bispo von Dornheim

De 1623 a 1632, o estado de Bamberg – mais tarde descrito como o “templo do terror” – foi governado pelo fanático príncipe-bispo Gottfried von Dornheim. Conhecido como o “bispo feiticeiro”, ele estabeleceu uma organização de caça a feiticeiras extremamente eficiente, sob o comando do bispo assistente Friedrich Förner, assessorado por um conselho de advogados. Prisões especiais foram erguidas, ficando famosa a chamada Hexenhaus, ou a “Casa das feiticeiras”. No mínimo 600 pessoas foram queimadas nessa década, sob a acusação de feitiçaria.
Era considerado essencial que o acusado confessasse a prática de feitiçaria e, nesse sentido, nenhum esforço era poupado. Os meios empregados incluíam: tostar a vítima numa caldeira de ferro incandescente, beliscar-lhes a pele com pinças quentes, esmagar suas pernas, deslocar as clavículas e esmagar os dedos.
Era extremamente perigoso expressar qualquer dúvida quanto à culpa dos acusados ou à ação da corte e os métodos usados, para obter a confissão. As autoridades estavam determinadas a não deixar que o acusado, um vez preso, escapasse à sua sorte.
Isso foi provado pelo próprio vice-chanceler de Bamberg, Dr. Ham, que tinha mostrado sinais de liberalidade para com os acusados: ele próprio foi acusado de feitiçaria, admitiu sua culpa sob torturas e denunciou outro cinco burgo-mestres do estado. Isso não o salvou: em 1628, o Dr. Ham, sua esposa e sua filha foram queimados, sob a acusação de serem uma súcia de feiticeiros.

A indústria do terror

 

A caça às feiticeiras, em Bamberg, envolvia uma indústria inteira, que ia desde os juízes até os fornecedores de lenha para queimar os acusados. Todas as despesas eram pagas com o patrimônio do próprio acusado. Se alguém demorasse em confessar, os métodos de tortura atingiam requintes de perversidade: penas em chamas, com ácido sulfúrico, passadas pelas axilas ou pelos órgãos genitais, ou ainda banhos com água fervente, na qual o ácido era adicionado.
Muitas vezes a riqueza do acusado é que provocava a denúncia, prisão, tortura e execução do mesmo. Por isso, a traição entre amigos era coisa comum.
Tudo terminou quando refugiados foram relatar ao imperador os detalhes do simulacro da justiça em Bamberg: leis mais amenas foram baixadas, dando oportunidade de defesa ao acusado. Mas isso não era obra apenas da Conra-reforma: o luterano Benedict Carpzov admitiu ter determinado a execução de, pelo menos, 20 mil pessoas, na Saxônia. Com o gradual declínio da crença na existência do diabo, o medo às feiticeiras abrandou. E, com isso, não houve mais necessidade de mandar queimar, para salvar a alma do acusado.
Em 1630 morreu o bispo Förner e, dois anos depois, foi seguido por seu mestre, o príncipe-bispo Dornheim. Também, a invasão da Alemanha por Gustavo Adolfo, da Suécia, contribuiu para alterar a situação: o réu sueco era protestante. Foi necessária a presença de um herege em solo católico para que cessassem as atrocidades que estavam sendo cometidas em nome da religião. Só assim, colocou-se um ponto final em uma das mais negras páginas da intolerância e da ignorância humana.

Retirado da revista: Homem, Mito e Magia. Vol. I nº VI Pág. 118 a 119. Editora 3. São Paulo. 1973
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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Celebrando Oimelc

Por Nyctaluz Noctula em agradecimento pela celebração de Oimelc de 2012


Passaram as sombras do período escuro,
Dádiva de Samhain que nos transformou,
Abrem-se os olhos pra um novo futuro,
Com a paz da vitória a alegria chegou.

Brigid vem, é Oimelc novamente,
Já chegamos ao seu Festival,
Vejo o mundo fazer-se silente,
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Oimelc

O caminho da vida traz mudanças, transformações e com elas muita alegria quando as amizades provam ser mais fortes que o tempo, o texto abaixo é da grande amiga e irmã Aline, do blog Chwilen, Boa leitura ;)


Escrevo esse texto só para expressar minha Gratidão!

Sim, gratidão a Morrighan que foi uma ceifadora e levou tudo aquilo que já não cabia mais, Samhain passou e fechou mais um ciclo e deu inicio a um outro, agora que a tocha de Brighid ilumina nossos caminhos a filha do Grande Dagda nos aquece com seu fogo curando todas as nossas feridas das muitas batalhas travadas.

Nesse momento de tanta inspiração recebi muitas lições nesse Oimelc, aprendi o real significado da palavra FRATERNIDADE, aprendi que tudo se resume em amor... quando estamos de coração aberto e livres tudo flui.

Vejo que a força que nos move é muito maior do que qualquer vento contrario.

Reaprendi que o caminho é para dentro, que não adianta procurar as respostas fora de si mesmo.

Compreendi, que ao contrario do que sempre pensei que o mestre aparece quando o discípulo está pronto, agora vejo que o mestre desaparece quando o discípulo está pronto... pois, nenhum mestre, nenhuma religião pode lhe revelar coisas mais profundas e intensas do que aquelas que seu Eu interno tem a lhe mostrar.

Sou grata a vocês que fizeram tanto por nós... sempre os honrarei seja na fogueira, seja no silêncio da mata, no voo do morcego, no pio da coruja ou no crocitar do corvo... sei que mesmo distantes estão sempre presente.

Sou grata também a vocês que ficaram, mesmo quando tantos partiram... meus irmãos, meus amigos!

Em Awen /|\

" Ouse sonhar... pois, os sonhadores vêem o amanhã.
Ouse fazer um desejo, pois desejar abre caminhos para a esperança e ela é o que nos mantém vivos.
Ouse buscar as coisas que ninguém mais pode ver.
Não tenha medo de ver o que os outros não podem.
Acredite em seu coração e em sua própria bondade, pois, ao fazê-lo, outros acreditarão nisso também.
Acredite na magia, pois a vida é cheia dela, mas, acima de tudo, acredite em si mesmo, porque dentro de você reside toda a magia da esperança, do amor e dos sonhos de amanhã."
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